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Buscai, buscai--o Mar!

Ontem a noite estavamos eu, o Ricardo e o Lucas no terraco da minha casa, aproveitando o vento forte que estava soprando (coisa rara nessa cidade abafada...), e num certo momento o Lucas (que eh de Belo Horizonte) disse: "Uau! to ate sentindo um cheirinho de mar!" Eu ohei pra ele e fiz cara de "nao...". Ahi nos caimos no riso, pois ele ficou sem cometarios para discordar de mim, que vivi 25 anos numa ilha atlantica... Ele disse "Eh cara, tu eh que conheces o mar mesmo". Passei a noite com isso na cabeca, achando estranho isso de eu "conhecer o mar". Nunca me senti dono do mar (qualquer semelhanca eh mera coincidencia...) mas sempre fiquei bobo, atonito, diante de sua beleza e misterios:

EL MAR--Pablo Neruda

NECESITO del mar porque me enseña:
no sé si aprendo música o conciencia:
no sé si es ola sola o ser profundo
o sólo ronca voz o deslumbrante
suposición de peces y navios.
El hecho es que hasta cuando estoy dormido
de algún modo magnético circulo
en la universidad del oleaje.
No son sólo las conchas trituradas
como si algún planeta tembloroso
participara paulatina muerte,
no, del fragmento reconstruyo el día,
de una racha de sal la estalactita
y de una cucharada el dios inmenso.

Lo que antes me enseñó lo guardo! Es aire
, incesante viento, agua y arena.

Parece poco para el hombre joven
que aquí llegó a vivir con sus incendios,
y sin embargo el pulso que subía
y bajaba a su abismo,
el frío del azul que crepitaba,
el desmoronamiento de la estrella,
el tierno desplegarse de la ola
despilfarrando nieve con la espuma,
el poder quieto, allí, determinado
como un trono de piedra en lo profundo,
substituyó el recinto en que crecían
tristeza terca, amontonando olvido,
y cambió bruscamente mi existencia:
di mi adhesión al puro movimiento.

Eu nao conheco o mar: eh ele que me conhece. Ele que me recebeu tantas vezes em seu seio perigoso, escuro, poderoso. E ao inves de me dar a morte (que bem poderia ter dado tantas vezes) sempre me deu a dadiva do banho, me acolheu em suas ondas me permitiu viver junto a seus misterios, sem contudo revelar-me, ou revelar-lhes... Esse mar, ele me ensinou como eh Deus, como Deus eh parecido com o mar: Tao poderoso, tao belo tao soberano--tao perigoso. Pode nos destruir com um sopro, mas nos acolhe, nos da vida, nos da amor. Isso eh precioso, e mesmo agora, sem sentir o cheiro do mar que sempre me alimentou a alma, carrego comigo o cheiro de Deus nesses Cem Anos Peregrinos. Eh triste quem nunca viu o mar, quanto mais triste eh quem nunca viu a Deus... "Buscai buscai! Enquanto se pode achar!"


El Mar, de Pablo Neruda



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Comments:
Diogo,

mto legal o teu blog!
Poxa, q lindo o poema q vc postou e o q vc escreveu sobre o mar! Lembro de um email seu falando exatamente sobre a relação q cada um tem com o mar.
Um grande beijo: amanda.
 
Ficou bom mesmo Diogo. Eu nunca tive um mar bonito como o lah de Sao Luis, mas como estando tao longe de casa sinto como se cada pedaco da costa Brasileira fosse meu tambem.
 
Lucas, O Brasil eh um so. Nao importa se em Minas nao tem Mar, voce eh brasileiro, e tudo que eh dos brasileiros eh seu tbm. A saudade do Brasil eh grande, e ter amigos que entendem o que eh sentir falta de um pais tao maravilhoso eh um pequeno consolo nessa terra japonesa, bonita, intrigante, misteriosa, estranha, fantastica, mas que nao eh o Brasil...
 
"E que nao eh o Brasil". Parece logico, mas estando onde nos estamos isso tem um peso tao maior neh!?
 
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