>

Diogo Mainardi

Quando fiz minha primeira assinatura de Veja, ainda na ridiculamente precoce idade de 14 anos (sob influencia da insanidade "vestibularica" que se passa na cultura de meu pais...) me chamou a atencao em um certo critico d ecinema que escrevia para a revista, nao pela qualidade de seus artigos, mas simploriamnte porque ele tinha o memso nome que eu (ja disse... eu so tinha 14 anos!)
Pois sim, esse critico de cinema manteve minha atencao e respeito com suas criticas interessantes e "contra a mare". Falava mal das producoes festejadas e lancava uma luz sobre aqueles filminhos que ninguem nem sabia que estavam passando... Eu ia ao cinema e assitia, e antes ou depois de ter lido suas colunas na revista, quase sempre concordava (sim, QUASE sempre... temos o memso nome, mas nao somos a mesma pessoa, neh?) Esse insano critico de cinema depois virou colunista da revista, falando de tudo...e de nada. Eh Diogo Mainardi.
Ahi vai um artigo dele, com link em baixo, com esse eu concordo. Ja ate escrevi algo mais ou menos sobre isso no blog, so que aplicado nao aos milinarios, mas aos crentes (pois eu sou crente, mesmoq ue envergonhado, assim como o Sr. Mainardi deve tbm ser milinario, ainda que tambem com um pouco de vergonha...)

Ayrton Senna, o banal

O Brasil é ruim. Poderia ser pior. Frank Williams, dono de uma escuderia de automobilismo, disse recentemente que Ayrton Senna sonhava em se eleger presidente da República. Como se não bastasse nosso atual presidente.

Reli velhas entrevistas de Senna para tentar adivinhar como seria sua eventual administração. A matéria é vaga. Inegavelmente, ele entendia de motores. E entendia de pistas. Quando não estava falando de motores ou pistas, perdia-se em banalidades imprestáveis. Essas banalidades eram pronunciadas de maneira pausada, meditada. A seus interlocutores, uma gente acostumada a discorrer apenas sobre motores e pistas, podiam até dar a falsa impressão de profundidade, mas permaneciam banalidades. "Se uma pessoa não tem mais sonhos, perde o sentido de viver. Sonhar é preciso." "A vida é um presente que Deus nos deu." "O importante é enfrentar os desafios com grande amor e fé em Deus, porque um dia eles serão vencidos." "Se quisermos modificar alguma coisa, é pelas crianças que devemos começar."

Senna não se metia em discussões políticas. É estranho que ele se imaginasse como presidente da República. A única declaração com um certo caráter político que consegui encontrar em velhas entrevistas soa ridiculamente demagógica: "Os ricos não podem continuar a viver em ilhas cercadas por um mar de miséria. Respiramos todos o mesmo ar". Os brasileiros ricos não vivem em ilhas. Como todo mundo, são assaltados, raptados e, respirando o mesmo ar que nós, pegam gastroenterite e meningite.

Os entrevistadores de Senna sempre mencionavam suas atividades beneficentes, embora ele próprio, como bom cristão, evitasse ostentá-las. O Instituto Ayrton Senna, criado depois de sua morte, é bem menos modesto. Proclama que, até hoje, já atendeu 4 milhões de crianças. A idéia é que a responsabilidade pelo atendimento social não é só do governo, mas também de empresas e do resto da sociedade.

Acaba de ser publicado pela Ediouro um panfleto provocatório do dramaturgo George Bernard Shaw sobre o assunto, Socialismo para Milionários. Shaw argumenta que os milionários devem se recusar a doar seu dinheiro à caridade, porque ele tem o efeito maléfico de desobrigar o governo de cumprir sua função. Ou seja, o contrário do que defende o Instituto Ayrton Senna. O anátema de Shaw vale para doações tanto a hospitais quanto a escolas beneficentes. Distribuir esmolas é fácil para um milionário. Alivia sua consciência e melhora sua posição social. Ele "compra um crédito moral assinando um cheque". O instrumento da renúncia fiscal, desconhecido na Inglaterra vitoriana de Shaw, torna a caridade ainda mais conveniente. Os nossos milionários podem ganhar o reconhecimento da sociedade sem ter de enfiar a mão no bolso. A esmola que dão a crianças pobres, doentes pobres e artistas pobres na verdade nem é deles, mas de todos os contribuintes. É caridade feita com o dinheiro alheio. Há até quem se torne milionário gerindo instituições filantrópicas de educação e saúde, numa reversão de papéis que certamente teria intrigado Shaw.

Caro leitor milionário, escute esta recomendação. Chega de dar esmolas. Pense apenas em ganhar dinheiro.

Para os amigos, sejam crentes ou milionarios (os tenho de ambos os tipos, para o bem ou para a mal, fica o conselho do Diogo de La....)


Diogo Mainardi: Veja, 18/08/04



|
Comments:
Alo, caravana de Nagoya! Meu colega de trabalho, gostaria de saber se aih tem programa de radio voltado pros brasileiros, em portugues.

Sabes? hein, hein? Se sim, qual eh o nome da radio?

Bjocas.
 
Cara, Senna presidente seria o fim. E o vice, quem seria? Ratinho? Soh no Brasil mesmo. Se bem que no Japao tem umas coisas tao estranhas neh... heheh

Aproveitando, parabens novamente pelo mestrado. Tenho certeza que eles vao ganhar muito te tendo lah. Deram sorte de te escolher.
Abraco,

Lucas
 
This comment has been removed by a blog administrator.
 
Post a Comment

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com