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Ficção

Com o desejo de que as coisas sejam verdadeiramente boas, retorno de mãos vazias e olhos abertos no escuro. Cansados de perseguir o mais íntimo que é genuíno, puro e bom porque faz crescer, dá vida e esta me faz seguir sendo o que sou- a descobridora. Eu descubro uma nova morada onde só há resquícios de um lar, e das taipas e restos de tijolos, eu construo a casa minha, o meu lugar. De uma faísca faço uma estrela e da fugidia ilusão, fábula pra vida inteira. Cato os pedaços de papel e construo um barco que se lança em alto-mar e sou eu quem ali navega, sozinha no silêncio da imensidão. E do escuro, eu faço um mosaico, cheio de criaturas que se movem e que são o que nunca serei porque simplesmente me deixam não ser jamais. E de uma folha seca, eu tenho toda flora exuberante - eu, folha seca, com a minha escrita de folha seca, que no momento que escreve imagina-se flora exuberante. Aqui, agora, folha seca, resquício de lar, faísca de estrela, papel a sonhar o mar. E de uma história triste, eu extraio a força de achar que aprendi assim sempre perdendo, perdida. E de um sonho lindo, as mentiras que dão solidez aos muros intransponíveis que me cercam. E do que se foi, eu extraio meu coração. Mais uma vez.



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