olhar para o passado esclarece o futuro
Hoje eu posto uma artigo de Miram Leitao que li na pagina de O Globo. Eu acho que ela ta certa. Os avancos do Brasil nao forma poucos, e se nosso pais nao cresce aos 10% ao ano da China, pleo menos nos nao precisamos matar nossas filhas meninas para podermos ter um menino...

Em uma mesma semana, O GLOBO me pediu para olhar 80 anos para trás e uns 20 anos para a frente. O desafio de ver um século é duplo: escrever um artigo sobre os 80 anos do jornal e participar da reunião interna para pensar a economia dos próximos anos e décadas.
A vantagem é que, olhar para o passado, esclarece o futuro. Quando saiu o primeiro número do jornal, o Brasil era um país no qual, racionalmente, aquele empreendimento não daria certo. E deu. A notícia é essa.
Pequeno entre as nações, menor que a Argentina daquele período, em recessão e em estado de sítio, o Brasil era um país no qual não era aconselhável abrir uma nova empresa. Principalmente, neste ramo. A maioria da população brasileira de 30 milhões de habitantes morava no campo. Os brasileiros viviam, em média, 33 anos e tinham uma taxa de analfabetismo de 65%. Daqueles 35% que supostamente sabiam ler, poucos tinham real capacidade de leitura e o produto lançado exigia que o consumidor soubesse ler; e gostasse.
Isso sempre me espantou no jornal no qual trabalho há 14 anos: sua capacidade de superar dificuldades que qualquer consultor consideraria insuperáveis como, por exemplo, a morte do fundador menos de um mês depois de lançado o empreendimento, deixando o futuro da empresa nas mãos de um jovem inexperiente. Um especialista diria que essa empresa não prosperaria. Hoje O GLOBO, aos 80 anos, está com olhos no futuro; no centenário.
A história do jornal ajuda a pôr em perspectiva a profunda crise política atual. Ela é grave, o momento é doloroso, mas o país seguirá em frente construindo seu caminho. Não tão rapidamente como gostaríamos; não tão devagar quanto tememos em momentos de aflição como agora. Com chances reais de dar um salto; com riscos nada desprezíveis.
Nos últimos 14 anos, vi, da janela deste jornal, um impeachment; um plano econômico que trocou a moeda e rompeu com o passado inflacionário; quatro crises externas; duas crises de confiança com disparadas do dólar; uma crise bancária que fechou 31 bancos, três deles na lista dos dez maiores; privatizações de símbolos nacionais como Vale, CSN e Telebrás; várias CPIs.
Aqui dentro, nestes últimos anos, o telefone deixou de ser disputado como produto valioso e hoje se espalha pela redação tendo que competir com os celulares, nos quais o toque é até mais freqüente. O fax, que já foi artigo de luxo, atualmente é desprezado pelos arquivos anexados às mensagens. Retrato do que acontece lá fora, no Brasil, onde em 10 anos o número de lares com telefone pulou de 19% para 62%.
No começo da década de 90, o país tinha 18% de crianças fora da escola e esse assunto não freqüentava as preocupações dos jornalistas de economia. De lá para cá, o social nos invadiu num jornalismo mais inteligente que sabe que a economia não é um anódino amontoado de indicadores e números, mas parte viva de um país. Hoje um repórter da área sabe que ter conseguido levar as crianças para a escola é tão decisivo para o país quanto a Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, a taxa de investimento.
As mudanças aconteceram dentro do jornal e fora dele. Um turbilhão ininterrupto de transformações que nos desafia. Vivemos de relatar os fatos e eles foram incessantes nos últimos 80 anos, em que a História do Brasil se acelerou.
Dentro do jornal, o tempo passou depressa também nesta quase década e meia que estou aqui. Mergulhamos na era digital, no jornalismo multimídia, na informação on-line, instantânea. Caíram os muros das editorias, não há mais fatos apenas econômicos ou só políticos. Hoje, como ensinou Drummond: o tempo é nossa matéria. O que passou e o que virá.
*Miriam Leitão é colunista do GLOBO
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Olhai para o tempo,
e para as curvas do caminho do Brasil
e para as curvas do caminho do Brasil
Em uma mesma semana, O GLOBO me pediu para olhar 80 anos para trás e uns 20 anos para a frente. O desafio de ver um século é duplo: escrever um artigo sobre os 80 anos do jornal e participar da reunião interna para pensar a economia dos próximos anos e décadas.
A vantagem é que, olhar para o passado, esclarece o futuro. Quando saiu o primeiro número do jornal, o Brasil era um país no qual, racionalmente, aquele empreendimento não daria certo. E deu. A notícia é essa.
Pequeno entre as nações, menor que a Argentina daquele período, em recessão e em estado de sítio, o Brasil era um país no qual não era aconselhável abrir uma nova empresa. Principalmente, neste ramo. A maioria da população brasileira de 30 milhões de habitantes morava no campo. Os brasileiros viviam, em média, 33 anos e tinham uma taxa de analfabetismo de 65%. Daqueles 35% que supostamente sabiam ler, poucos tinham real capacidade de leitura e o produto lançado exigia que o consumidor soubesse ler; e gostasse.
Isso sempre me espantou no jornal no qual trabalho há 14 anos: sua capacidade de superar dificuldades que qualquer consultor consideraria insuperáveis como, por exemplo, a morte do fundador menos de um mês depois de lançado o empreendimento, deixando o futuro da empresa nas mãos de um jovem inexperiente. Um especialista diria que essa empresa não prosperaria. Hoje O GLOBO, aos 80 anos, está com olhos no futuro; no centenário.
A história do jornal ajuda a pôr em perspectiva a profunda crise política atual. Ela é grave, o momento é doloroso, mas o país seguirá em frente construindo seu caminho. Não tão rapidamente como gostaríamos; não tão devagar quanto tememos em momentos de aflição como agora. Com chances reais de dar um salto; com riscos nada desprezíveis.
Nos últimos 14 anos, vi, da janela deste jornal, um impeachment; um plano econômico que trocou a moeda e rompeu com o passado inflacionário; quatro crises externas; duas crises de confiança com disparadas do dólar; uma crise bancária que fechou 31 bancos, três deles na lista dos dez maiores; privatizações de símbolos nacionais como Vale, CSN e Telebrás; várias CPIs.
Aqui dentro, nestes últimos anos, o telefone deixou de ser disputado como produto valioso e hoje se espalha pela redação tendo que competir com os celulares, nos quais o toque é até mais freqüente. O fax, que já foi artigo de luxo, atualmente é desprezado pelos arquivos anexados às mensagens. Retrato do que acontece lá fora, no Brasil, onde em 10 anos o número de lares com telefone pulou de 19% para 62%.
No começo da década de 90, o país tinha 18% de crianças fora da escola e esse assunto não freqüentava as preocupações dos jornalistas de economia. De lá para cá, o social nos invadiu num jornalismo mais inteligente que sabe que a economia não é um anódino amontoado de indicadores e números, mas parte viva de um país. Hoje um repórter da área sabe que ter conseguido levar as crianças para a escola é tão decisivo para o país quanto a Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, a taxa de investimento.
As mudanças aconteceram dentro do jornal e fora dele. Um turbilhão ininterrupto de transformações que nos desafia. Vivemos de relatar os fatos e eles foram incessantes nos últimos 80 anos, em que a História do Brasil se acelerou.
Dentro do jornal, o tempo passou depressa também nesta quase década e meia que estou aqui. Mergulhamos na era digital, no jornalismo multimídia, na informação on-line, instantânea. Caíram os muros das editorias, não há mais fatos apenas econômicos ou só políticos. Hoje, como ensinou Drummond: o tempo é nossa matéria. O que passou e o que virá.
*Miriam Leitão é colunista do GLOBO
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